segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Um Método Perigoso


Em 1907, Sigmund Freud (Viggo Mortensen) e Carl Jung (Michael Fassbender) iniciam uma parceria que iria mudar o rumo das ciências da mente assim como o das suas próprias vidas. Seis anos depois, tudo isso se altera e eles tornam-se antagónicos, tanto no que diz respeito às suas considerações científicas como no que se refere às questões de foro íntimo. A tese do médico judeu, de que o desejo sexual é o motor do nosso comportamento dá o ponta pé inicial aos debates do filme. Entre os dois, para além das divergências de pensamento, surge Sabina Spielrein (Keira Knightley), uma jovem russa de 18 anos internada no Hospital Psiquiátrico de Burgholzli. Com diagnóstico de psicose histérica e tratada através dos recentes métodos psicanalíticos, ela torna-se paciente e amante de Jung e, mais tarde, em colega e confidente de Freud. Isto, antes de se tornar numa psicanalista de renome.
Realizado por David Cronenberg ("eXistenZ", "Crash"), "Um Método Perigoso" é baseado na peça "The Talking Cure", do dramaturgo e argumentista inglês, nascido nos Açores, Christopher Hampton, inspirada na obra de John Kerr.
Quando vi o elenco me chamou muito atenção pelo fato de ter Viggo Mortensen que eu adoro e me chamou mais ainda atenção quando vi que o diretor era nada mais que David Cronenberg, para quem não lembra ou não sabe é o mesmo diretor de filmes como: A Mosca, Marcas da Violência e Senhores do Crime.
O filme muito bem produzido (paisagens de vilas suntuosas na Suíça) e tem um grande interesse para os ligados em psicanálise o que dificulta um pouco o entendimento de meros mortais, mas mesmo assim "Freud explica" literalmente sua tese que na época fora atacada pelo fato de estar muito a frente do seu tempo, suas incríveis descobertas. Um detalhe Cronenberg antes tentou contratar Christoph Walts (que recusou para fazer Água para os Elefantes) e Christian Bale.
A história retrata de forma muito detalhada o nascimento da psicanálise através da correspondência e alguns encontros por hora cômicos encontros entre dois médicos que pesquisam uma pratica semelhante. O Dr. Freud (Viggo) em Viena, trabalhando com discrição de forma teórica e Jung, na Suíça, vivendo em luxo porque era casado com uma mulher rica ( e estranha) que coloca em prática as idéias de Freud. As teorias tomam forma quando aparece uma paciente, Sabina Spielrein que parece ter alguma forma de demência, dominada por alguma forma de histeria, gritando, fazendo caras e caretas, por vezes agressiva ( diga-se de passagem parece mais estar possuída eu tenho que dizer isso) . Keira Knightley sai-se dignamente de um personagem muito difícil,começa como louca varrida e eventualmente estudará e se tornará uma colega deles e a responsável pela introdução da psicanálise na União Soviética. Do conjunto da obra devo admitir, o que mais me chamou atenção foi o desenvolvimento da personagem e o tom interessante que Keira Knightley conseguiu dar a ela, é uma montanha russa de sentimentos e de personalidades, em diversos momentos está descontrolada, com o passar do tempo se torna uma fina. elegante e extremamente inteligente dama, lembrando que Keira até então não havia feito nenhuma papel que exigisse tanto como esse. O filme concorreu em Cannes (onde não chamou muito atenção), deu uma indicação de ator a Mortensen para o Globo de Ouro, não é qualquer um que vive Freud de forma tão elegante como ele. Em resumo o filme é lentinho, tem referências ao Holocausto, é interessante mas é necessário prestar bem atenção e de preferência se manter acordado mas se não entender algo não se preocupe, algumas coisas só Freud explica!!